sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O CASARÃO DE JOSÉ RUFINO

















Recentemente recuperado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan - em parceria com o Tribunal de Justiça Estadual e a Prefeitura de Areia, o casarão de José Rufino, constitui um dos mais novos pontos turísticos da Paraíba sendo símbolo do poder e da importância que a cidade de Areia teve na história da Paraíba.

O que mais chama a atenção no casarão, é justamente a sua relação com o passado. Construído em 1818 pelo comerciante português Jorge Torres, foi na década de setenta restaurado por um areiense, José Rufino de Almeida, que deu um belo exemplo de amor às tradições de sua terra. O prédio, apesar de ser propriedade privada, é franqueado à visitação pública – uma espécie de museu.

Segundo o historiador Horácio de Almeida, que nasceu em dos quartos do sobrado, em 1840 Areia tinha 32 mil habitantes e 4 mil escravos. O sobrado é uma das raras casas residenciais do século XIX, construídas em cidades, que possuí uma senzala urbana.

Segundo alguns pesquisadores históricos, no térreo do casarão, ao lado de uma área aberta, doze pequenos quartos abrigavam os escravos que seriam negociados na feira do município, considerada uma das maiores da região. No andar de cima funcionava a residência, que até hoje ainda impressiona pela quantidade de quartos e ambientes com acabamento de madeira maciça, o casarão já oferecia o conforto dos banheiros internos, outra novidade na época.

E, ainda hoje, conforme vemos acima, e, como testemunho vivo da sua nobreza, ainda se pode observar no seu acabamento externo superior as famosas “eiras”, “beiras” e “sobreiras”, inerentes somente as moradias dos mais abastados da época. Na fachada principal vemos ainda, duas ordens de janelas reticuladas, com vidraças e uma porta que dá acesso ao interior. Lampiões de ferro no estilo da época, colocados na frente e nas fachadas laterais do prédio, constituem a iluminação externa. Internamente, divide-se em 35 aposentos, mobiliados e decorados com preciosas peças antigas. O piso do pavimento inferior é todo em tijoleiras exceto a cozinha que conserva as lajes originais do antigo casarão e que servia como sala de refeições dos pretos, podendo-se observar as mesas de pedra engastadas na parede, o fogão de alvenaria, os panelões de ferro de fabricação inglesa e um primitivo moinho para triturar cereais. Na parte posterior, a senzala, com seus cubículos individuais, em torno de um pátio lajeado e dois portões que dão para um terraço, num plano mais baixo, protegido por balaustrada, todo em pedra, de onde se descortina a paisagem maravilhosa da Gruta do Bonito. O acesso ao pavimento superior é feito através de duas escadas de madeira com corrimão torneado,(conforme imagem acima - hoje totalmente restaurada) logo no vestíbulo principal, e na parte de trás, por uma longa escadaria de pedra, trabalho dos escravos. Na sala de jantar há uma lareira. As luminárias, os banheiros, os lavabos, tudo acompanha o estilo da arquitetura colonial, evocando uma época de fausto vivida pelos seus ancestrais.
O casarão situado na Praça Pedro Américo, centro da cidade de Areia/PB, foi herdado por Dona Iaiá, mãe de José Rufino de Almeida, que teve que vender o imóvel em 1910. O imóvel passou por um processo de degradação e recaíram sobre ele dívidas acumuladas, o que o levou a leilão em 1971. Arrematado por José Rufino de Almeida, o sobrado é então retomado ao patrimônio da família que o edificou no início do Século 19. E, assim, numa atitude de resgate afetivo José Rufino providencia a sua recuperação, dando-lhe solidez e mantendo traços do seu desenho original. O casarão voltou a ter vida ativa, movimentado pelas visitações nos Festivais de Arte e Cultura realizados em Areia. Chegou a receber a visita do escritor Jorge Amado, que ali se hospedou em companhia de José Américo de Almeida, para participar do III Festival em 1978.
Com a morte de José Rufino, em 1979, o sobrado volta a sofrer declínio de uso e conservação. Foi adquirido na década de 90 pelo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, que lá instalou o Fórum da Comarca de Areia, onde funcionou até o ano de 2002. Agora, totalmente recuperado após cinco meses de obras, o casarão se torna espaço voltado para o apoio às ações da preservação da cidade, para a produção e promoção cultural através do seu uso comum do Iphan, da Justiça Estadual e da Prefeitura de Areia, com a participação dos grupos artísticos e culturais e das entidades da sociedade civil organizada.

8 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, eu sou areiense e nem sabia que ele nasceu no sobrado..

Anônimo disse...

Não gostei

Anônimo disse...

Adorei!!! Areia, cidade linda! ;)

Anônimo disse...

já visitei muito legal :)

Anônimo disse...

Visitei nesse último fim de semana.Parabéns pela postagem. Muito esclarecedora.

Unknown disse...

Eu Amei.. logo eu que sou fascinada pela história ❤
Quero volta lá outra vez 💞💞💞

Edson disse...

Já estive lá 👏👏
Por favor, não deixem isso morrer...

Anônimo disse...

Meus avós nasceram na cidade sei muito pouco sobre a história da família deles e gostaria de saber mais, minha vó veio pro RJ com 17 anos de idade e meu avô veio um pouco antes dela sei que eles dizem ter nascido em uma usina, acho que era Santa Maria, mas uma coisa que me chama atenção e o sobrenome do meu avô que é Rufino aí gostaria de saber se tem alguma relação, são negros os meus avós talvez tenha a ver com o passado desse casarão como tiveram escravos na cidade né então talvez tenha alguma relação