quarta-feira, 19 de agosto de 2009

IGREJA DO ROSÁRIO




A Igreja do Rosário acha-se situada no centro da cidade de Areia, em frente a Praça Ministro José Américo de Almeida. Trata-se de uma construção em que se verifica a persistência do estilo arquitetônico que vigorou durante três séculos a partir de nossa colonização. Não fossem os arcos de pleno centro que aparecem em todas as fachadas do templo, cuja utilização se vulgariza no século XIX e a abertura também das arcadas, que proporciona uma comunicação franca da capela-mor com a sacristia ao lado, e o tipo estaria se repetindo.

Segundo artigo da Prefeitura Municipal de Areia, a igreja consagrada à Nossa Senhora do Rosário foi iniciativa de uma Irmandade originalmente composta por gente de cor, por isso, historicamente falando é conhecida como Igreja do Rosário dos Pretos. É a mais antiga da cidade, embora não se tenha a data precisa de sua fundação. Sabe-se que ficou inconclusa durante muitos anos.

Segundo Horácio de Almeida, o governo provincial, em 1865 outorgou-lhe uma verba de quatro contos de réis para o andamento da obras. Documentos falam de uma empreitada, em 1872, com o mesmo objetivo. Porém tudo indica que sua conclusão só se deu em 1886 quando ali se celebrou a primeira festa religiosa.


O prédio, que faz jus a qualquer obra arquitetônica, é contemplado por uma escadaria que dá acesso à Igreja, conforme vemos acima, em cuja fachada principal encontram-se três portas de forma arqueada e a lateral que dá aceso ao casarão do Sr. José Gondim. A porta do centro é um pouco mais alta que as laterais. Janelas também em número de três com grades de ferro forjado, à guiza de peitoril, dando para o coro, guarnecem-lhe a fachada encimada por um frontão com volutas e uma pequena cruz. Não possui torres. A parte interna consta de uma nave única, coro simples, logo à entrada, com uma escadaria lateral que começa dentro da nave. Do mesmo lado um púlpito em madeira com ornato em relevo e uma cercadura do mesmo material ornada com delicados lavores. Num plano mais elevado da nave, à entrada da capela-mor, altares colaterais em madeira pintada de branco, decorados com entalhes em dourado, abrigam imagens, uma das quais, de Nossa Senhora da Piedade com o Filho Morto nos braços, esculpida em madeira, é muito bonita. Na capela-mor, num plano mais abaixo, o altar-mor, é parcialmente executado em madeira parecendo ter sido completamente em alvenaria. Na realidade apesar de se encontrar nos trechos de alvenaria o mesmo vocabulário formal dos altares colaterais, nota-se uma acentuada diferença no acabamento o que faz com que este altar seja de menos apuro estético tomado como um todo. Nele se encontra um retáculo com a imagem da padroeira, em estilo barroco, ladeada por outras de Jesus Menino e São Benedito. O forro da capela-mor é de alvenaria e reboco pintado, com a figura em relevo do Espírito Santo que traz em lugar dos pés, ganchos, dos quais pendia outrora a lâmpada do sacrário. A nave apresenta um forro de tábuas corridas. O piso, originalmente em tijoleiras, foi substituído em época passada, por mosaicos. Somente o coro e uma espécie de sótão por trás do altar-mor são assoalhados. Na sacristia há somente uma pequena cômoda. Seu uso atual é apenas a prática de ofícios religiosos.

Particularmente, eu tenho um apreço singular por esta igreja, não somente porque ela seja uma obra arquitetônica de valor cultural ou por que ela lembre os melhores anos da minha adolescência, ocasião em que estudei no Colégio vizinho (Colégio Estadual de Areia), mas, por que foi sob o seu teto que o corpo do meu amado e inesquecível pai foi velado antes de descer à sua sepultura. Portanto, a mais esta obra areiense, o meu mais sincero apreço!

Um comentário:

Unknown disse...

Igreja do Rosário...lembrança forte de Nenem Silva...era uma "donzela" que morava na casa de "Seu Oséas". Ela zelava a Igreja e era muito brava. Lembro que eu e algumas amiguinhas gostávamos de subir cuidadosamente escadas para o coro (que era de madeira) sem fazer barulho e descíamos correndo! Pelo barulheira que fazíamos, ela saía lá de dentro gritando: Vão embora mulecada, vou dizer a sua mãe!!
Coitada, nem sabia quem era, pois corríamos para não sermos vistas. Tempo bom... o sorriso era a recompensa dessa artimanha.Doces lembranças!