sábado, 23 de outubro de 2010

TUDO FOI TÃO DE REPENTE

A notícia chegou de repente e sem entender direito, eu fui engolindo palavra por palavra... Assim dizia ele(meu irmão): Foi feito uma ultrassonografia e foi detectado que ela está com o fígado crescido e uma inflamação no pâncreas.

Totalmente leiga sobre o assunto, não senti medo, até porque já ouvira falar que pancreatite só quem tem é quem ingere quantidade excessiva de álcool... E minha mãe nunca bebeu.

Por desencargo de consciência, pesquisei através do Google e qual não foi a minha surpresa, quando li o seguinte:

Inflamação no pâncreas é pancreatite. O pâncreas é um órgão situado na parte superior do abdômen, aproximadamente atrás do estômago e que só se adquire pelo uso abusivo do álcool ou através de cálculos na via biliar.

Até aí,procurei me tranqüilizar na certeza de que além dela não beber não possuía cálculo na via biliar, já que há mais ou menos 2 anos atrás ela havia sido isenta de tais cálculos mediante uma cirurgia de vesícula.

Continuando, porém, a minha pesquisa eu constatei alarmada que na pancreatite, o principal sintoma é dor abdominal. A dor é geralmente localizada próximo “da boca do estômago”, podendo espalhar-se como uma faixa para os lados e para as costas. Hoje vejo com tristeza que a net, tem mais informação pra nos dar do que os médicos, os famosos “delinquentes de colarinho branco”.

Voltei ao passado e procuro recordar onde tudo começou... Há cerca de 3 ou 4 anos, minha mãe que sempre foi muito alegre, sorridente e dada à música, passou a ser uma pessoa que reclamava de tudo, medrosa e, principalmente dependente de mim.

Nesse ínterim ela se submeteu a uma intervenção cirúrgica... Tirou algumas pedras da vesícula... Mas, por outro lado, continuava reclamando de dores no abdômen, dores estas com os mesmos sintomas descritos acima como sintomas de inflamação no pâncreas.

Consultamos alguns médicos que só se limitavam a fazerem eletro cardiograma, já que ela informava que a dor se espalhava para os lados e para as costas.

Eu lembro que num certo final de semana na casa do meu irmão, ela foi acometida das tais dores, ocasião em que ele financiou alguns exames, cujo resultado foram todos normais, já que os incompetentes médicos consultados faziam girar tudo para o problema pressão e coração.

Lúcida, bem conservada e cheia de vida, ela mesma, acreditava tratar-se aquele incomodo, de problemas da idade, até que, num dia fatídico aquela dor abdominal, a qual ela havia se acostumado a conviver, cujo lenitivo eram alguns chás ou analgésicos, chegou de forma tão insuportável, que fomos obrigados a interná-la.

E aquela criatura que me colocou no mundo e que já fazia parte do meu ambiente com todos os seus defeitos e virtudes, foi definhando dia após dia sem que eu pudesse fazer nada, porque tudo que os médicos disseram não me convenceram nem vão me convencer jamais.

A médica que “cuidou” dela, havia decidido mudar a medicação aplicada a ela, somente após ter tido uma conversa com uma certa senhora amiga minha da mais alta sociedade Pessoense. Tarde demais. Antes disso, minha mãe, internada há oito longos dias, se foi “abruptamente” para nunca mais voltar.

A pergunta que não quer calar é: Se era possível mudar aquela medicação, por que então, ela não mudou antes, se até meu irmão se ofereceu para comprar medicamentos se fosse necessário?

A perda de meu pai foi dolorosa e levou metade da minha alegria. Mas, a perda da minha mãe deixou em mim um estado de profunda agonia. E nessas horas eu trago a memória um texto que a minha filha Dora, postou em seu blog por ocasião da morte do seu tio Francisco Casado em novembro de 2008. O texto tem como título:

Abruptamente (?!)

Tanta coisa por fazer. Tantos compromissos a cumprir. Tanta gente pra visitar. Tanto trabalho por concluir. Tantos desafetos para resolver. Tantas alegrias para viver. Tanto amor para dar... Até que ela apareça. E quase sempre sem avisar. Abruptamente. Não deveria ser tão inesperada assim, mas sempre é. Sempre temos a tola esperança de que há um modo de escapar dela.


Mas ela sequer pede licença. Não se incomoda com as formalidades do mundo. E não faz distinção alguma...


Deixa lacunas que não mais serão preenchidas. Deixa lembranças. E ironicamente os que distribuíram mais afeto e beleza, são os que deixam os maiores rastros de dor. Essas coisas fazem parte do “kit” da morte. E ninguém escapa.


Cada vez eu entendo menos. E cada vez eu percebo mais que nunca estarei preparada para ela. E não adianta dizer “heróica e bravamente” que não se teme a própria morte. Eu também não temo. Mas aí talvez esteja uma grande prova de covardia e egoísmo, porque sofre mais quem continua aqui na completa ignorância. Ninguém sabe o que há por trás da morte. Especula-se muito. Cada crença tem uma filosofia. Mas saber de verdade, ninguém sabe. Não tem como saber.


Quem fica, vê também que a vida continua apesar de tudo isso. Que amanhecerá um novo dia, como sempre. As pessoas ainda sorriem e se alegram. E as ruas estarão cheias de gente como antes. Está tudo igual. É como se aquilo não tivesse importância... aquela ausência não significa muito para o andamento do mundo.

O tempo não dá trégua, não faz pausas e é esse mesmo tempo que traz a cura, que traz consolo e alívio. Mas não sei bem se isso faz dele um vilão ou um mocinho... porque em breve essa ausência causadora de tantos lamentos será somente uma lembrança.

Outras vidas começam. Outras coisas acontecem. Novas alegrias surgem. E tudo vai se renovando aos poucos, até que um dia, talvez o motivo de todas essas lágrimas derramadas seja esquecido.


Eu não entendo muito bem, e tampouco gosto dessa idéia, mas sei que é assim. Sempre é assim. A morte, o tempo e o esquecimento são aliados fiéis. E eu não sei se isso é bom ou mau. Só sei que estou cansada”.

Eu também me sinto cansada!

Quem, porém, não conhece a perda de um pai ou de uma mãe, ainda não conheceu a dor do desamparo...

É um riso que ecoa no vento... É uma saudade dolorida dos momentos vividos em meio aos bons e aos maus momentos...

Eu e minha mãe

Ela e Edmundo

AnaXAna

Dora, minha filha e Ela

Ela e W, meu genro

Trek, meu segundo e ela

Isadora, minha segundinha e ela

E finalmente, ela e eu

Mãe é uma só... diz a sabedoria popular... E no meu caso...A minha era mais que mãe... Ela era companheira... Era filha ranzinza, cheia de travessuras, mas que ria um riso solto embalado ao som de uma música muitas vezes longe, mas que a deixava sempre feliz.

Com ela eu aprendi muito sobre a fé... Aprendi a ser solidária, a ser desprendida... A dividir... A dar aos filhos sem esperar de volta... Enfim, aprendi o valor da amizade e da relação familiar.

E novamente estou eu aqui... Relatando tudo isso neste cantinho, exatamente por que para sua última morada ela fez “Trilhas de Areia”.

Nós nunca iremos esquecê-la... O vazio da sua presença em nossa casa é uma constante na nossa lembrança. Somente o Espírito Santo de Deus, que intercede por nós com gemidos inexpremíveis haverá de nos consolar na doce esperança de nos encontrar um dia na grande mansão celestial.

Descanse em paz!!!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MAJOR EDMUNDO ALVES


Abro espaço mais uma vez neste cantinho, para deixar registrado alguns vídeos que perpetuaram o nome de mais um ilustre areiense. Desta vez, trata-se do meu irmão e camarada, o maestro amigo, Major Edmundo Alves. É com orgulho santo, que assim o faço.

Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam." (Isaías 64.4).

A declaração do profeta Isaías nos traz conforto até os dias de hoje. Quando lemos um versículo como esse, nossas forças são renovadas, pois sabemos que nosso Deus não nos pede nenhum sacrifício. Ele não barganha nem negocia seu amor e seu cuidado. Ele é o Deus que dá aos seus amados enquanto eles dormem. E, você, meu irmão, é amado do Senhor.

Em sua primeira carta aos Coríntios o apostolo Paulo ratifica as palavras do profeta dizendo: “Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam"(I Coríntios 2:9).

Tenho visto isso na sua vida, Edmundo. Voltando ao tempo de criança, vejo você, já cheio do talento que Deus lhe deu, emitindo pequenos sons em uma mangueira com um funil na ponta. Incentivado pelo nosso velho pai, que não lhe deixou desistir, você lutou... Você sofreu. As dificuldades foram muitas... A caminhada foi pesada. E se você pensou em desistir eu não sei... Se espinhos feriram seus pés, eu também não sei... Mas, eu sei que a sua coroa de vitória estava guardada por aquele que não dorme...E, hoje você também como Paulo, pode dizer que “as coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam (I Coríntios 2:9).

Parabéns mano!

A Bíblia também registra em Eclesiaste 4:12 que " o cordão de três dobras não se quebra tão depressa". Que você caminhe cada vez mais em busca do sucesso, levando em sua companhia, seu talento e a pessoa do Senhor nosso Deus, na certeza de que um cordão de três dobras não se quebra facilmente. Que venha os ventos, que venha os terremotos... As tempestades e as adversidades, mas, com o Senhor serás sempre vencedor.

Beijos no coração! E que Deus continue te abençoando poderosamente!








domingo, 15 de agosto de 2010

NÃO SEI POR QUE VOCÊ SE FOI

Hoje, mais uma vez eu voltei ao passado. Voltei a ser criança... Adolescente... Voltei a Areia. Hoje fazem, 85 anos que na pequena cidade de Areia nascia um homem de temperamento forte, mas, de coração generoso e que em meio as adversidades da vida sabia enfrentar tudo, com coragem e decisão. Quanta saudade! Como seria bom tê-lo aqui neste momento. Como seria bom vê-lo brincar com Guilherme... E coincidência ou não ele é do seu dia (15). Nasceu em 15 de maio. Hoje está completando três meses.

Há quem diga que “ninguém é insubstituível...”. Não concordo! Você é insubstituível! Ninguém jamais vai me falar como você falava... Ninguém, jamais vai me amar como você... Ninguém jamais vai ter a coragem que você tinha de me dizer a verdade e muitas vezes ferir meu coração apesar de me amar muito. Sim, pai, eu sei o quanto você me amava. E eu louvo a Deus pelo privilégio de ter tido você como pai.

Meu coração, neste momento, está tão triste e saudoso que faço minhas as palavras do poeta quando diz: Não sei porque você se foi ... Quantas saudades eu senti...E de tristezas vou viver...E aquele adeus não pude dar... Você marcou na minha vida...Viveu, morreu na minha história... Chego a ter medo do futuro...E da solidão que em minha porta bate...
E eu!Gostava tanto de você...

Ao mesmo tempo, no meu íntimo, eu me conformo por que sei em quem tenho crido e Ele é poderoso para fazer muito mais do que pensamos. Você lutou e se foi... “Combateu o bom combate, acabou a carreira, mas guardou a fé”, por isso, eu sei onde você está... Você foi receber a incorruptível coroa de glória, que Deus, justo juiz, tem guardado para os que o amam. E um dia, pela minha fé... Fé, que você implantou no meu coração desde a mais tenra idade eu vou encontrá-lo na morada celestial junto ao Deus todo poderoso por que eu sei que você o amava e o respeitava acima de todas as coisas. Obrigada pai, obrigada pelo exemplo de amor e fé que você deixou pra mim...
Sua Beba

quinta-feira, 15 de julho de 2010

EU E MEUS E-MAIL'S

Na realidade, este é uma relíquia e eu não poderia deixar de postá-lo neste cantinho. Trata-se, mais uma vez de um e-mail por mim recebido e fala de duas mulheres interesantísismas.
A primeira, confesso, se conheço, se é da terrinha eu não me lembro. Mas, a segunda, Avany de Medeiros Queiroz, esta sim... Esta eu conheço e é com muito orgulho que deixo registrado o fato neste cantinho para que interessar possa.
A matéria tem como título: Doceiras que valem ouroPublicado em 05.01.2010
Norma Maria do Carmo Almeida Costa, 72 anos, e Avany de Medeiros Queiroz, 80, são daqueles tipos de doceiras que não se encontram em qualquer esquina. A primeira, moradora do Recife, não domina apenas a arte de misturar açúcar, ovos, frutas, manteiga e leite de coco. Ela mesma faz os delicados embrulhos dos docinhos. Avany, que vive em Areia, Paraíba, é a única na cidade, tombada como patrimônio histórico nacional, que sabe o estica e puxa do ponto do alfenim, uma das mais trabalhosas e raras iguarias de açúcar do Nordeste.
O doce, para elas, é uma arte, e o preparo, um ritual. Para enrolar cem beijos, Norma corta com tesoura 1.500 rodas de papel e as transforma em cachos de flor. Cada cacho leva cinco rodinhas, que precisam ser torcidas 38 vezes, até ganhar forma. Preferida de Madalena Freyre (1921-1997), a esposa de Gilberto, ela conta que o doce predileto do mestre de Apipucos era o quindim. “Fiz muito para ele e continuo atendendo à família. Ano passado, preparei os docinhos dos 15 anos da bisneta dele.”
A especialidade de Norma, neta de portugueses e nascida numa família de doceiras, é a culinária pernambucana tradicional – bom-bocado, quindim, olho de sogra, passa recheada, bala de ovos, beijo. “Cada um tem seu sabor e todos são diferentes. O segredo da receita é usar ingrediente natural e saber dar o ponto”, diz, com a experiência acumulada em 44 anos. “Só faço bom-bocado com queijo do reino Borboleta e jamais troco a manteiga pela margarina. Uso 24 ovos no preparo de uma receita, se diminuir, altera o resultado.”
Ela trabalha sob encomenda, com a filha e uma ajudante antiga, que se encarrega de espremer o coco ralado num pano até tirar o leite puro. Tanta dedicação rendeu a Norma uma bursite e o braço direito mais grosso que o esquerdo. Mas não apagou o sorriso acolhedor. Os doces circulam no mercado local e no internacional. “Envio para Brasília, Barcelona, Estados Unidos e Canadá.”
Avany também espreme o coco num pano para extrair o leite que leva ao fogo brando com açúcar e gotas de limão. “Não pode mexer, só esperar ferver”, ensina a diretora de escola, aposentada, que mora sozinha e aprendeu a receita de alfenim com uma cunhada.
Com uma colher, apanha um pouco da mistura e derrama na água. “Aperto o pingo entre o polegar e o indicador. Se tiver durinho, é hora de tirar do fogo e esperar esfriar.” É quando ainda está morna que dona Avany começa a sovar a massa, esticando e amassando até ficar “no ponto”. A receita ela não repassa mais. “As pessoas não acertavam e me acusavam de explicar errado.” Como também não vende, Avany presenteia o padre da cidade, Adauto Tavares Gomes, com todo o alfenim que faz. “É o melhor que já comi”, elogia o religioso.
A mesa farta de doces trabalhosos, e também de pratos salgados, nas casas brasileiras é o retrato da civilização do açúcar, diz a antropóloga Fátima Quintas, da Fundação Gilberto Freyre. “É um sinal da escravidão, havia mão de obra à disposição das famílias para o preparo das comidas. As escravas passavam tardes inteiras mexendo nos tachos de doce e batendo bolos. É uma mesa diferente da europeia, onde não existe a figura da empregada doméstica como aqui”, compara.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

SOMOS INSUBSTITUÍVEIS SIM!


Recebi em um e-mail e achei tão interessante que resolvi postá-lo neste cantinho para sua reflexão.
Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores.
Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: “ninguém é insubstituível”.
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio. Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada.
De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
- Alguma pergunta?
- Tenho sim. E o Beethoven?
- Como? – o encara o gestor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu o Beethoven?
Silêncio...
Ouvi essa estória esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico (até hoje o Flamengo está órfão de um Zico)?
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus ‘gaps’.
Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico… O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seustalentos.
Cabe aos líderes, mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
Se ainda estamos focado em ‘melhorar as fraquezas‘ de nossa equipe corremos o risco de sermos aquele tipo de líder que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo e Gisele Bündchen por ter nariz grande. E em nossa gestão o mundo teria perdido todos esses talentos.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões ‘foi pra outras moradas’; ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim:
“Estamos todos muito tristes com a ‘partida’ de nosso irmão Zacarias… e hoje, para substituí-lo, chamamos:.. Ninguém… pois nosso Zaca é insubstituível”
Portanto nunca esqueça: Você é um talento único, ninguém te substituirá!
“Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso. O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor.” (Madre Teresa).

domingo, 11 de abril de 2010

MOTIVAÇÃO

Confesso que por muito tempo, estava me sentindo um tanto desmotivada. Até que vi a história de uma família de refugiados do Leste europeu, que, forçados a sair de casa por tropas invasoras, perceberam que a única chance de escapar dos horrores da guerra era atravessar as montanhas que circundavam a cidade. Tinham certeza de que estariam a salvo num país vizinho e neutro, caso conseguissem fazer a travessia. Mas o avô não estava bem e a viagem seria dura.
- Me deixem para trás – pediu ele.
- Os soldados não vão se importar com um homem velho como eu.
- Vão sim – disse o filho.
– Para o senhor será a morte.
- Não podemos deixar o senhor aqui, papai – reforçou a filha.
– Se o senhor não for, então nós também não vamos.
O idoso finalmente cedeu e a família, composta de umas dez pessoas de diversas idades, inclusive uma netinha de um ano, partiu em direção à cadeia de montanhas que se via à distancia. Caminharam em silêncio, revezando-se para carregar o bebê, o que tornou mais difícil a subida do desfiladeiro. Depois de várias horas, o avô se sentou numa rocha e deixou pender a cabeça.
- Continuem sozinhos. Não vou conseguir – disse.
- Vai, sim – encorajou o filho.
– Tem de conseguir.
- Não – disse o avô.
– Me deixem aqui.
- Vamos – disse o filho.
– Precisamos do senhor, é sua vez de carregar o bebê. O homem levantou o rosto e viu as fisionomias cansadas dos demais. Olhou para o bebê envolto num cobertor, agora no colo de seu neto de treze anos, um menino magrinho.
- Claro – disse o avô.
– É a minha vez. Vamos passem o bebê para mim.
– Ele se levantou e ajeitou o bebê no colo, olhando seu rostinho inocente. De repente, sentiu uma força renovada e um enorme desejo de ver sua família a salvo numa terra em que a guerra seria uma memória distante.
- Vamos – disse ele, com determinação.
– Já estou bem. Só precisava descansar um pouco. Vamos andando.

O grupo prosseguiu, com o avô carregando o bebê. E, naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira a salvo. Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo, inclusive o avô.

O que aprendi com isso? Aprendi que a motivação faz com que a gente reúna forças que nem imaginava ter para seguir em frente. E, é em meio às adversidades da vida que ainda reuno forças para a chegada de Guilherme, meu netinho tão desejado. Quando muitas mulheres se sentem decepcionadas pelo fato de serem avós(situação constrangedora para quem não aceita a velhice), eu, ao contrário me sinto feliz e motivada pelo amor duas vezes materno. Que esta sementinha... “Esse sublime botão”, como a mãe dele o chama desde que era apenas um zotinho, venha trazendo muita paz, e que Deus nos conceda a ventura de vê-lo crescer cheio de graça, sabedoria e beleza.
Seja Bem vindo Guilherme e Que Deus o abençoe!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

UM NOME QUE FICOU À BEIRA DO CAMINHO

Os textos postados logo abaixo, fizeram meus sentimentos de cidadã areiense/cristã, mais uma vez se inquietar pela indiferença dos nossos amigos e conterrâneos “pelos nossos semelhantes”.

Além de amigo do meu saudoso pai, o Cel. Cunha Lima, tinha dois sobrinhos, Bertha e Roberto Cunha Lima(cuja fotografia está postada à esquerda), que eram padrinhos do meu falecido irmão Epitácio Alves, razão pela qual, um grande vínculo de amizade, carinho e respeito unia nossas famílias. E foi assim que eu tive o privilégio de conviver de perto com Roberto Cunha Lima e sua esposa, quando da minha prestação de serviço como secretária na Representação Local do FUNRURAL em Areia, chefiada naquela ocasião por D. Marlene, esposa de Roberto Cunha Lima

Apesar de não exercer nenhum cargo eletivo na época, por dois anos(1971-1973), eu pude perceber a grandeza do coração desse homem, que com um sorriso maroto nos lábios, nunca se negou a prestar seus serviços advocatícios aos menos favorecidos, em meio as críticas dos seus adversários.

Saí de Areia em 1974 e relembro com saudades que Roberto e Marlene, foram meus padrinhos de casamento. Hoje, Roberto Cunha Lima já não está aqui. Mas, eu tenho certeza que com o mesmo sorriso maroto nos lábios, enquanto viveu, ele continuou colocando seus serviços de advogado, à disposição do povo sofrido de Areia e adjacências.


Advogado militante, Roberto Cunha Lima não foi um líder político ou um general de brigada. Ele foi apenas mais um que passou e que vai ficar no esquecimento das mentes entorpecidas do povo da minha terra, que talvez não tenha entendido ainda que as pessoas não precisam ser grandes para serem lembradas...

Eu conheço um homem que nasceu num vilarejo, filho de uma camponesa. Cresceu em outro vilarejo. Trabalhou numa carpintaria até aos trinta anos e depois foi pregador itinerante durante três anos.


Nunca escreveu um livro. Nunca teve um cargo. Nunca possuiu uma casa, nunca constituiu família. Nunca freqüentou uma universidade. Nunca pisou numa cidade grande, nunca viajou mais de 400 Km do lugar onde nasceu. Nunca fez nenhuma das coisas que a sociedade contemporânea consideraria um sinal de grandeza.


Ele não tinha credenciais, apenas a Sua própria pessoa. Não tinha nada que fosse deste mundo. Enquanto jovem, a opinião popular se virou contra Ele. Seus amigos O abandonaram. Um O negou, outro O traiu. Ele foi entregue nas mãos de Seus inimigos. Passou pelo ultraje de um julgamento. Foi pregado numa cruz entre dois ladrões. E quando estava morrendo, os Seus executores tiraram sorte sobre o único bem material que Ele possuía: Sua túnica. Depois de morto, O tiraram da cruz e O colocaram na sepultura de um amigo que teve pena dEle.


Dezenove longos séculos se passaram, e hoje Ele é a figura mais importante da raça humana. A maior fonte de orientação e inspiração divina. Seu nome é JESUS, O EMANUEL, O DEUS CONOSCO.


Portanto, "O que você deixa para trás não é o que é gravado em monumentos de pedra, mas o que é tecido nas vidas de outros." (Péricles)

COISAS DE AREIA

Foi no blog “Inspirações Telúricas” do Major Edmundo Alves, um apologista ferrenho das coisas da nossa terrinha que encontrei o seguinte:

UMA HISTORIA DO CORONEL CUNHA LIMA, DESCRITA PELO DESEMBARGADOR AURELIO DE ALBUQUERQUE!
EU ERA PROFESSOR EM ITABAIANA-PB. SOUBE QUE A PROMOTORIA DE SANTA RITA-PB IA VAGAR. O SEU TITULAR, IRIA RESIDIR NO RIO DE JANEIRO. FUI AO GOVERNADOR E FIZ O PEDIDO. ELE ME FOI FRANCO. QUEM MANDAVA POLITICAMENTE EM SANTA RITA, ERA O DR. FLAVIO RIBEIRO COUTINHO, CONSEQUENTEMENTE IRIA PARA ALI QUEM ESTE QUISESSE... COMO SABE -- DISSE ELE, ESTAMOS NUM REGIME POLITICO. DEIXEI O PALACIO MEIO DESILUDIDO. NENHUMA APROXIMAÇÃO EU TINHA COM O CHEFE DE SANTA RITA. CONVERSEI COM UM AMIGO MAIS EXPERIENTE, QUE ME DISSE: FLAVIO RIBEIRO FOI PERREPISTA E ESTES CONSTITUEM, AINDA HOJE, A CLASSE MAIS UNIDA DO BRASIL. PROCURE UM PERREPISTA QUE SE DÊ COM O DR. FLAVIO RIBEIRO E VOCE IRÁ PARA SANTA RITA. DITO E FEITO. LEMBREI-ME DO CORONEL CUNHA LIMA, COM QUEM MANTINHA CORDIAL AMIZADE. ELE IMEDIATAMENTE FALOU COM O DR. FLAVIO RIBEIRO QUE LHE DFISSE: SOU AMIGO DE CUNHA LIMA HÁ MUITO TEMPO, SOFREMOS JUNTOS, EM 1930, COMO PERREPISTAS, UM PEDIDO SEU PARA MIM VALE TUDO, O SEU CANDIDATO PODE SE DIZER JÁ NA COMARCA DE SANTA RITA. E DEPOIS O DOUTOR FLAVIO RIBEIRO, BEM HUMORADO ME DISSE: QUEM LHE REMOVEU NÃO FUI EU, MAS O BARBADO DE AREIA... COM UMA FIDELIDADE INTEGRAL A SEU PARTIDO, JOSÉ DA CUNHA LIMA FILHO, PODE TER POSSUIDO DEFEITOS HUMANOS COMO TODOS, MAS, MESMO EM POLITICA, SEMPRE SOUBE HONRAR A PALAVRA EMPENHADA.

Pesquisa feita pelo conterrâneo amigo, ASSIS NEGUIM.

É isso aí gente! O coronel ou “major” Cunha Lima, como era conhecido, é uma dessas figuras ilustres que nunca deveria ser riscada da história de nossa terra. Entretanto, não fosse fatos como o exposto acima, sua memória já teria sido apagada por todos aqueles que direta ou indiretamente foram beneficiados por sua influencia social e política conforme o texto do nosso amigo e conterâneo “Assis Neguim”.

Esse texto porém, me impulsionou a deixar registrado neste cantinho (VER A POSTAGEM ABAIXO), uma homenagem ao grande homem público e amigo do meu querido e inesquecível pai José Antonio Alves, eleitor fiel e assíduo do Coronel Cunha Lima
.

MAJOR CUNHA LIMA, O "BARBADO" DE AREIA

José Antonio Maria da Cunha Lima Filho, era filho de José Antonio Maria da Cunha Lima e foi deputado federal durante a República. Teve uma participação decisiva na política paraibana, sendo inclusive, o fundador da UDN no Estado.

Solteiro, criou quatro sobrinhos: Bertezen Barros da cunha Lima, Roberto Barros da Cunha Lima, Bertha Áurea Cunha Lima e Auribertha Cunha Lima.

Como político, enquanto viveu, mantinha o controle da cidade de Areia, elegendo deputados durante vários anos e fazendo prefeitos.

Fato interessante, é que em 1964, os camponeses do Engenho Mundo Novo, de sua propiedade, recusaram-se a participar das ligas camponesas.
Sempre foi partidário de Argemiro de Figueiredo, a quem acompanhou quando este passou-se para o PTB, mas, deixou o velho político de lado na oportunidade em que candidataram-se ao governo do Estado, os Srs. João Agripino e Ruy Carneiro. Na ocasião, Argemiro apoiava Ruy e a adesão de Cunha Lima ao Sr. João Agripino lhe deu uma esmagadora vitória sobre o candidato adversário Ruy Carneiro.

Este fato ficou registrado e muito bem registrado na minha memória, porque de perto eu acompanhei a luta de meu pai em aderir também. Mas, a fidelidade ao homem do Mundo Novo falou mais forte e ele o acompanhou com todo brio de amigo e correligionário.

O Cel. ou Major Cunha Lima, foi, segundo alguns companheiros de sua época, um dos bons oradores produzidos pelo interior da Paraiba.

Vítima de enfarte, noticiou o jornal "O NORTE", de 13 setembro de 1979 (arquivo do meu marido Geraldo Casado), faleceu na madrugada de ontem o Cel. José Antonio Maria da Cunha Lima Filho, aos 93 anos, tendo sido sepultado ontem à tarde em Areia. Sua morte representa uma época em que funcionava a força do quero, mando e posso. Cinco mil pessoas aproximadamente acompanharam o féretro desde o Engenho Mundo Novo, onde residia até Areia. Ontem no Tribunal de Justiça do Estado, foi aprovado voto de pesar pela morte do Cel. Cunha Lima cuja proposição dos desembargadores Simeão Cananéia e Aurélio de Albuquerque teceram elogios ao extinto. A moção teve apoio do procurador Geral da Justiça, Vanildo Cabral de Vasconcelos, bem como do representante da OAB - seção da Paraiba, procurador Celso Otávio Novais. (Este foi o texto na íntegra publicado pelo Jornal O Norte daquela época).

Na ocasião, da publicação supra citada, disse o procurador Celso Novais, a respeito do Cel. Cunha Lima: "foi uma figura cujo comportamento e autenticidade projetaram-no no calendário sócio-político do nordeste pelo seu indiscutível e comprovado mérito de chefia". Para Waldir Bezerra, "o Cel. Cunha Lima, apesar de militar políticamente em outro partido sempre se comportou com inteira correção".

É lamentável deixar registrado, que assim como Seu Cunha Lima, já não estão mais aqui, seus sobrinhos queridos Roberto Barros da Cunha Lima e Bertha Áurea Cunha Lima.

Aqui fica o meu adeus ao Cel. Cunha Lima e a seus sobrinhos Bertha e Roberto Cunha Lima.


Que eles descansem em Paz!












terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MINHAS LÁGRIMAS, MEU ALIMENTO

No salmo 42, nós vamos encontrar uma lamentação, e por que não dizer uma prece que brota do coração de alguém que viveu momentos de profunda angústia e ao mesmo tempo de desamparo. Vejamos na íntegra o que este sofredor diz: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento”. Não sabemos se o autor destas palavras era uma pessoa enlutada. Mas bem que poderia ser, pois as lágrimas, o sentimento de abandono, o desamparo e a solidão aqui expressos são sintomas que freqüentemente acompanham a perda de uma pessoa próxima e muito cara.

Eu, particularmente, perdi alguém, ou melhor, eu já perdi muitos a quem eu amava e posso compreender muito bem isso, e, precisamente em 06/02/2010, próximo passado, mais uma vez eu me senti assim... Durante a maior parte do dia, as minhas lágrimas foram sim, o meu alimento. Eu perdi minha tia querida... Tia Luzia ou Tia Ló, como a chamávamos, partiu para uma viagem sem volta.

Interessante, é que a única certeza que temos na vida é que todos morreremos um dia... Mas, a grande maioria das pessoas, não está pronta para ver arrancado de sua vida alguém que ama.
Eu sou uma delas! Quando isso acontece, somos acometidos de uma saudade diferente. É uma saudade amarrada pela certeza de que nunca vai passar. A gente apenas se acostuma a conviver com a ausência, mas não esquecemos, não deixamos de sentir falta… As memórias permanecem, o peito aperta em cada lembrança, e só o tempo mesmo, para acalmar o coração…
Assim, a morte, tem sido motivo de muito pranto, dor e sofrimento. Isto, no entanto, não é um privilégio só nosso, Jesus, o Deus que se fez homem e habitou entre nós, deu a devida importância para o luto e o pranto com expressões de dor e de sofrimento. “Bem aventurados os que choram, porque serão consolados”, disse Ele no Sermão do Monte (Mt 5.4). Sem dúvida, o significado destas palavras do Senhor é muito profunda, no entanto, inclui a idéia de que, para haver consolo, é importante que o sofrimento e as lágrimas sejam externados. Aliás, segundo o Evangelho, o próprio Jesus, ao saber da morte de seu amigo Lázaro, “agitou-se no espírito, comoveu-se... E chorou”. O que eu aprendo com tudo isso? Eu aprendo que Jesus não somente era misericordioso com o sofrimento alheio, Ele também era solidário com a dor do próximo. E é exatamente pelo motivo “solidariedade” que resolvi postar o presente texto.

Quem já visitou este cantinho, ou mesmo quem me conhece sabe do carinho e do respeito que tenho pelos meus irmãos/conterrâneos areienses. Confesso, no entanto, que fiquei decepcionada sábado próximo passado (06/02/2010).

Areiense da gema, e ainda em vida, minha inesquecível tia Luzia, manifestou o desejo de fazer do berço do seu nascimento, também o seu jazigo perpétuo. Assim é que, no intuito de atender o seu desejo, na data supra citada, saímos em cortejo fúnebre de Campina Grande, onde ela residia, para ali na sua terra natal, na cidade onde ela viveu a maior parte de sua vida, na cidade que alimentou todos os seus sonhos de menina/mulher, despojar os seus restos mortais. E qual não foi o nosso desapontamento quando verificamos que poucos foram os que se fizeram presente ao seu velório apesar de todas as rádios da cidade terem anunciado e convidado amigos e conterrâneos para este último ato de fé e solidariedade cristã.

Na nossa cultura ocidental há uma tendência para se negar a realidade da morte. Cresce o número de pessoas que fogem do confronto com a sua própria transitoriedade e com o seu próprio fim. E, na medida em que isso acontece, cresce o apego das pessoa a esta vida.

Algumas décadas atrás, pelo menos em nossa sociedade ocidental, se escondia o fator nascimento enquanto se observava um relacionamento mais natural com a morte. Hoje está ocorrendo o inverso: fala-se com mais realismo sobre o nascimento e, de maneira crescente, o tema da morte é evitado ou reprimido.

Ainda me recordo dos tempos de infância. Ninguém falava abertamente comigo sobre a forma como as crianças são concebidas e como elas nascem. Um véu de mistério, alimentado pela história da cegonha, encobria essa realidade. Em compensação quando alguém estava doente e vinha a falecer, as crianças acompanhavam de perto todas as etapas desse processo: enquanto o doente, era visitado livremente em seu quarto e, depois de falecido, participavam do velório que tinha lugar em casa, eram animadas a tocar no falecido, acompanhavam o cortejo fúnebre e os atos de encomendação e sepultamento.
Hoje se fala com maior franqueza com as crianças sobre a concepção, a gravidez e o parto. Salvo exceções, encara-se as questões que dizem respeito à natalidade com relativa naturalidade. Por outro lado, a realidade da morte está, de forma crescente, sendo exorcizada da vivência cotidiana tanto de crianças como de adultos. Na Bíblia, porém, há um testemunho inequívoco de que esta vida é apenas um estágio rumo a uma vida futura junto a Deus. O autor da Carta aos Hebreus afirma “... não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir” (Hb 13,14). O Apóstolo Paulo, por sua vez, dizia com toda convicção e fé: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1,21).

A Bíblia ainda relata que no caminho ao calvário (Lc 23.27) e aos pés da Cruz Maria, mãe de Jesus e algumas mulheres solidarizavam-se com a dor e a morte do mestre querido (João 19.25), razão pela qual a lamentação e o pranto em casos de luto estão amplamente testemunhados nas Sagradas Escrituras como uma manifestação natural e sadia do ser humano, tanto para externar um sentimento da própria alma em relação à uma perda pessoal, quanto uma forma de solidariedade com a dor alheia.

Na verdade, a nossa sociedade apressada não quer saber disso. Não temos mais tempo para chorar. Ou então choramos a caminho de algum lugar, ou enquanto executamos alguma atividade. E foi com o coração dilacerado pela decepção que concluí que os nossos conterrâneos tem se preocupado mais em ostentar o glamour de sua cultura em detrimento a dor e ao sofrimento dos seus compatriotas.
Que pena!

Um dia, porém, todos vamos morrer… e esta situação me fez pensar no quanto é importante se preocupar com o que andamos fazendo na vida… Eu por exemplo, queria poder ter mais tempo pra chorar, mas ela, minha tia, tenho certeza de que só ficaria feliz se me visse rindo… Ela sempre ficava feliz quando estávamos todos bem. Por isso, em meio às lágrimas, e apesar de tudo, o riso já estampa meu rosto, em homenagem a ela, que passava a vida a sorrir… Um dia estaremos cada um de nós, deixando esse mundo. Você também que deixou de lhe prestar sua última homenagem. Por isso, enquanto eu estiver aqui, quero aproveitar cada momento que eu posso ter ao lado das pessoas que amo. Jamais esconderei meus sentimentos, mesmo correndo o risco de ser chamada de antiquada, quadrada, sentimental ou seja lá o que... Quero aproveitar cada segundo ao lado de todos aqueles que amo e que precisarem de uma palavra amiga ou de um gesto solidário de carinho, compreensão e amor… Chorarei pela perda de cada um que amo, mas também farei brilhar no rosto um sorriso, por ter podido compartilhar tudo o que foi possível enquanto estavam ao meu lado.

Elisabete Casado



sábado, 16 de janeiro de 2010

DOR IMERECIDA

Este é o meu primeiro texto em 2010. Totalmente envolvida com outros trabalhos e de férias, deixei de lado este cantinho que confesso já estava com saudades, e embora este não seja um texto a nível das minhas trilhas areienses, o que me fez decidir postá-lo, aliás pela segunda vez, porque num outro blog meu ele já foi postado, foi um questionamento levantado hoje por um dos filhos de Areia sobre a tragédia do Haiti X "Bondade e Misericórdia de Deus".
O fato é que desde a mais tenra idade, homens e mulheres têm procurado encontrar sinais da presença de Deus, em meio ao sofrimento. E o sofrimento tem se tornado um dos maiores desafios à fé cristã.

Onde está a justiça e a misericórdia de Deus, diante de tantas catástrofes? Terremotos... Doenças... Estupros... Assassinatos... Como aconselhar uma pessoa portadora do vírus de HIV ou como falar da justiça de Deus a uma menina de apenas dez anos de idade que engravidou do próprio pai?

Em 1º de novembro de 1755 na cidade de Lisboa capital de Portugal, houve um devastador terremoto...E aquele dia era o que os portugueses, na sua grande maioria católica, chama de dia de todos os santos. Isto significa dizer que em 1º de novembro de 1755, as igrejas de Lisboa estavam completamente superlotadas. Mas, de repente em apenas 6 minutos... Milhões de pessoas que estavam dentro destas igrejas foram mortas. Mais ou menos, 30 igrejas foram destruídas em poucos minutos... Igrejas de várias denominações foram destruídas... Igrejas que levaram cem anos para serem construídas... Igrejas que haviam custado o sangue de gerações foram destruídas em apenas alguns minutos.

Atordoada com a notícia, a Europa que ainda respirava as ameaças do iluminismo se desesperou... Foi aí que os filósofos começaram a se levantar. O mais famoso deles foi Voltaire, que sabedor do acontecido disse: “Como é que vocês ainda podem acreditar na bondade de Deus... como é que vocês que viram seus parentes e amigos mortos dentro de uma igreja, ainda podem crer na bondade de um Deus assim”? Ele escreveu isso, num poema de sua autoria, acerca do “Desastre de Lisboa”. E neste poema, Voltaire pergunta: “Se Deus é justo, se Deus é bom porque é que sofremos sobre o seu governo”? E o grito de Voltaire invadiu o mundo. Invadiu as Universidades... Invadiu o pensamento... Invadiu as Igrejas... E a partir do grito de Voltaire, muita coisa começou a mudar. O ateísmo disparou como filosofia... O existencialismo disparou como filosofia do absurdo... Mas, a pergunta de Voltaire, não é somente a pergunta de Voltaire... É a pergunta de todos nós... Quem nunca questionou Deus diante de uma perda... Diante de uma oração não respondida... Diante de uma tragédia? Se Deus é justo, livre e bom, porque é que Ele nos deixa sofrer? Esta é a pergunta que não quer calar, principalmente nos dias de hoje quando um fato idêntico aconteceu no Haiti, vitimando centenas de vidas e entre elas alguns brasileiros.

E a pergunta de Voltaire volta a incomodar... “Se Deus é justo, se Deus é bom porque é que sofremos sobre o seu governo”?

O fato é que o sofrimento existe... E qual é na perspectiva Bíblica, o motivo de tanto sofrimento?

Esse é um tema que levaria muito tempo para ser esmiuçado. Mas, vejamos o que a Bíblia, nossa regra de fé prática, tem a nos dizer sobre isso...

• A Bíblia ensina que o sofrimento, pode ser originado por forças que estão além de nossa vontade... E isto fica bem claro, quando a gente ler o livro de Jó. Ali estava um homem bom, reto e temente a Deus... Que não era um prostituto da humanidade... Que não era mal, mas que sofreu como ninguém jamais sofrera. E a Bíblia diz que todo sofrimento de Jó foi resultado de uma ação concreta de satanás. E ao longo da Bíblia, nós vamos encontrar forças estranhas que oprimem homens e mulheres levando-os ao sofrimento físico e emocional. (Basta ler os evangelhos, por exemplo).

Paulo, o apóstolo, diz que trazia uma espinho na carne que ele chamou de “mensageiro de satanás” e que tanto poderia ser um defeito físico, como uma doença... Ninguém sabe!

• A Bíblia também ensina que o sofrimento é causado pelo pecado... Mas que pecado? Pode ser pelo nosso pecado... Mas também poderá ser pelo pecado dos outros, como é o caso da pedofilia... das pessoas que são vítimas de motoristas embriagados, adolescentes que foram vítima da covardia de um mal caráter...

• O sofrimento também pode ser causado pelas injustiças sociais... Enfermidades... Quantos não morrem nas portas dos hospitais por falta de assistência média...Desemprego, etc. De quem é a culpa?
Muitos tem sido os motivos causadores do sofrimento... De maneira que a causa do sofrimento tem sido um dos maiores desafios à fé cristã, principalmente porque a maioria das pessoas em meio ao sofrimento tendem a se sentir abandonadas por Deus e é nesse momento que precisamos estar preparados para ajudá-los a enfrentar a crise, não julgando nem fazendo perguntas, mas recorrendo ao Espírito Santo de Deus que intercede por nós até com gemidos inexprimíveis (Rm.8:26). É nesse momento que precisamos encontrar as diretrizes certas, para aconselhar sem medo, culpa e vergonha, ensinando que embora o nosso corpo reaja a dor e ao sofrimento, a Cruz de Cristo nos ensina a transformar todos os momentos de sofrimento num momento de profunda paciência e espera.

A Bíblia diz que Jesus em sua forma humana, suportou a Cruz... E Ele quer que com Ele sejamos capazes de suportar o fato inevitável do sofrimento... Não fugindo para o momento fantasioso das drogas... da bebida... da prostituição... Mas encarando com resignação e paciência , a dor e o sofrimento.

Uma das histórias mais chocantes que eu já ouvi, foi a de um menino no campo de concentração na Alemanha. Ali, o menino viu seu pai sendo enforcado pelos nazistas e ele agarra na mão do seu tio...Um menino de apenas sete anos de idade... Agarra na mão do tio e diz: Tio, onde está Deus? E o tio olhando para o pai enforcado do menino responde: “Meu filho, olhe para lá... Deus está ali, enforcado com seu pai”.

É isso aí ! É preciso mostrar ao mundo que “O mesmo Deus que nos permite sofrer, é o mesmo Deus que um dia sofreu em Cristo”. É preciso entender que quando estamos de joelhos no chão, clamando pelo sofrimento dos nossos filhos, dos nossos amigos... Não estamos sozinhos... Ele... Deus... Estará ali de joelhos conosco...Quando estamos nos sentindo injustiçados, Deus vai estar da mesma maneira, injustiçado conosco, e o pior da dor, não é a dor em si... O pior da dor é você se sentir sozinho... Sem Deus.

Numa de suas pregações, o Pr. Estevão foi categórico em afirmar , que: Onde quer que formos, Deus chega antes... Deus estará sempre conosco... Jamais nos deixará sozinhos.

E como ilustração, eu deixo registrado aqui, um texto exposto no livro do Dr. Sttot “A Cruz de Cristo”. Nesse texto ele faz narração de uma peça que tem como título “O Grande Silêncio”.

Essa peça, fala que nos fins dos tempos,( e aqui eu gostaria de fazer uma observação: A peça não fala dos dias atuais... A peça é apenas uma metáfora). Continuando, a peça fala que bilhões de pessoas estavam espalhados numa grande planície diante do trono de Deus... Havia ali, muitas pessoas diante de Deus... E alí, Deus estava em julgamento... Ali, Deus era réu.

E um judeu se levantou... Rasgou a blusa, mostrou o nº do campo de concentração, olhou para Deus e disse: “Nós suportamos o terror, os espancamentos, a tortura, a morte... Olha aqui... E tu, oh! Altísismo, onde estavas?

E aí um negro se levanta e diz: Oh! Altíssimo, nós fomos linchados, perseguidos, as nossas casas foram queimadas, os nossos bebês incendiados, pelo único crime de ser preto, e onde Altíssimos, tu estavas?

Uma colegial grávida se levanta e diz: Porque é que eu devo sofrer, oh! Altíssimo? Não foi culpa minha... Fui estuprada...

E assim, sucessivamente, uma criança com síndrome de Dawn... Uma pessoa de Hiroxima... Todos se levantavam... Perguntavam e reclamavam de Deus – “Tu, estivesses no teu trono todo tempo... Hoje, nós é que vamos te sentenciar... Hoje, nós... O judeu, o negro, a menina grávida, a pessoa de Hiroxima... Hoje, nós é que vamos ser os teus julgadores...”

E eles prolataram a sentença e a sentença foi a seguinte:
“Tu, vais sofrer o que nós sofremos... Que tu nasça judeu, que haja dúvida acerca do teu nascimento, que se lhe dê um trabalho tão difícil que ao tentar realizar até a tua família, pensará que estás louco. Que tu sejas traído como nós, pelos teus amigos mais íntimos. Que encontres acusações falsas, que tu sejas julgado por um jure preconceituoso e que sejas condenado por um juiz covarde... Que sejas torturado e finalmente que tu conheças o terrível sentimento de estar sozinho... E aí, então que tu morras!”
Foi esta a sentença que eles deram para Deus. E quando eles acabaram de pronunciar a sentença, ouve um longo silêncio!

Ninguém se moveu. Sabe por quê? Por que de súbito, todos eles entenderam que Deus já havia cumprido na vida e na Cruz de Cristo toda aquela sentença.

É isso aí... A Cruz de Cristo nos ensina que “toda dor, mesmo as imerecidas, encontrarão guarida no Coração de Deus", por que em meio ao sofrimento, mesmo que não possamos ver Deus está alí conosco.