terça-feira, 11 de agosto de 2009

TERRA ONDE CANTA A CIGARRA


“Há cidades que não têm história, cidades humildes, onde nada acontece digno de menção. Nascem e vivem como indivíduos que apenas aspiram lugar ao sol. Outras há que tiveram fastígio e depois agonizam”. A este pertence Areia, minha terra natal, ao grupo das cidades que se exauriram num passado de lutas e glórias, sem mais força no presente para deixar tradição ao futuro.
Não se sabe ao certo qual foi o seu começo, sabe-se apenas que a denominação Brejo de Areia foi tirada de um riacho que passa pela propriedade Saboeiro, ao nascente da cidade, e que adiante toma o nome de Rio Mandaú, afluente do Mamanguape. Bruxaxá – palavra indígena – significa Terra onde canta a Cigarra.
O sítio, onde tempo depois surgiu à cidade de Areia, tinha apenas um curral á margem da estrada pra recolhimento do gado que vinha do sertão, com destino aos mercados do litoral... Corria a versão de que o primeiro habitante da localidade, dono do curral e da estalagem onde pousavam os viajantes, chamava-se Pedro Bruxaxá. Creditava-se a ele o plantio da Arvore Gameleira.
Mais ou menos no Século 19 surgiram as primeiras casas grandes de engenho com o plantio da Cana de açúcar. A produção escoava quase toda pelo Recife. Explica-se assim a lentidão do progresso, que se estendia a todas as localidades do interior.
Em 18 de maio de 1815, surgiu a Vila Real do Brejo de Areia, e, em 30 de agosto de 1818, foi instalado o Município. Areia foi o maior município do Brejo. Foi o maior centro comercial do interior. A feira era reputada a maior. Faziam parte de seu território as povoações de Alagoa Grande, Bananeiras, Guarabira, Pilões, Serraria, Cuité e Pedra Lavrada.
Assim, é que em 18 de maio de 1846, Areia, foi elevada a cidade. É a primeira em ordem cronológica em toda a província, não contada a Capital, que já nasceu nessa categoria. Todas as outras vieram depois, Souza é a segunda, em 1854, Mamanguape é a terceira, em 1855.
“Numa crista altaneira da banda oriental da Borborema, a 622 metros de altitude, situa-se Areia. Temperatura na ordem de 34 a 14 graus centígrados. Antigamente quando o solo se cobria de matas, o frio era mais intenso, Já em 1886, a temperatura não era a mesma devido as constantes derrubadas”.
O engenheiro André Rebouças dizia sentir em Areia a sensação de estar em Paris, com relação ao clima. A cidade se cobria de névoa a ponto que estando uma pessoa na janela de sua casa não distinguia quem passava na calçada. Hoje as estações já não são as mesmas, atribuindo-se a ação criminosa das devastações.

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