domingo, 23 de agosto de 2009

ENGENHOS DE RAPADURA

Segundo Informação e Cultura Gastronômica do Correio Gourmand, no Brasil os engenhos de rapadura existem desde o século 17, ou talvez antes. Os engenhos de rapadura eram pequenos e rudimentares. Possuíam apenas a moenda, a fábrica, onde ficavam as fornalhas, e as plantações de cana que, normalmente, dividiam o espaço com outros tipos de cultura de subsistência.

A cana usada para fabricar a rapadura no Brasil, até o século 19, era a crioula. Surgiu depois a caiana, mais resistente a pragas, aparecendo, posteriormente, diversas variedades, como a cana rosa, fita, bambu, carangola, cabocla, preta, entre outras.Os grandes engenhos também fabricavam rapadura, mas não para fins comerciais. O produto era utilizado apenas para consumo dos habitantes locais.

Rapadura é o caldo de cana aquecido e posteriormente resfriado dando origem a uma massa solidificada, devido a grande quantidade de cristais formados, e moldada em formas de madeira.
A fabricação da rapadura teve início no século 16, nas Canárias, ilhas espanholas do Oceano Atlântico e foi exportada para toda a América espanhola no século 17, época de grande expansão açucareira.

A rapadura originou-se da raspagem das camadas (crostas) de açúcar que ficavam presas às paredes dos tachos utilizados para fabricação de açúcar. O mel resultante era aquecido e colocado em formas semelhante às de tijolos.

No início, as moendas eram de madeira, movidas a água (onde havia abundância do líquido) ou tração animal (cavalos e bois). No século 19, surgiram as moendas de ferro, usando-se ainda o mesmo tipo de tração. Depois os engenhos evoluíram passando a ser movidos a vapor, óleo diesel e finalmente a eletricidade.

Por ter um mercado reduzido, em comparação com o do açúcar, a produção tinha um caráter regional, não sendo necessária a sofisticação exigida para fabricar o açúcar que era exportado. Até hoje produz-se rapadura no Brasil com métodos e técnicas rudimentares. Não houve a introdução de inovações no processo produtivo nem diversificação de produtos. A grande maioria dos engenhos continua produzindo rapadura em tabletes de 400g a 500g que são comercializados nas regiões próximas das áreas produtoras.

No Nordeste do Brasil, os engenhos de rapadura em atividade são, na sua maioria, unidades antigas, com vários anos de existência. Sua produção é sazonal, feita em geral nos meses de julho a dezembro, ou seja, no período de estiagem no Agreste e Sertão. Os Estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba são os maiores produtores, existindo também produção significativa nos Estados do Piauí, Alagoas e Bahia.

Em toda a sua zona rural, Areia possui diversos engenhos de cana-de-açúcar que fabricam cachaça de ótima qualidade, rapadura, mel e o açúcar mascavo. Na época da moagem, os turistas podem acompanhar todo o processo de produção dos engenhos.Esta é outra grande lembrança que trago da minha terra querida. Nos anos 60, eu lembro que meu pai era um dos comerciantes da “cachaça”, por sinal de ótima qualidade fornecida por seu Elídio, dono do Engenho Boa Vista. Empresário no ramo da cana de açúcar, seu Elídio fornecia seus produtos em toda região do brejo paraibano e meu pai era um dos seus compradores. Eu lembro-me ainda que além de suas transações comerciais eles ainda eram grandes amigos e essa amizade se estendeu de maneira tal, que ainda hoje perdura entre eu e suas filhas Clenice e Nilda.

O tempo passou, mas, os engenhos não desapareceram do Brejo Paraibano, uma vez que está marcada pela tradição do cultivo e processamento da cana-de-açúcar. A manutenção de hábitos, costumes e tradições seculares, em termos de produção, não sucumbiu, ao contrário, essa tradição produtiva vem persistindo na região areiense por quase dois séculos e meio.

Não sei se o Engenho Boa Vista, continua fabricando e vendendo seus produtos, outros, porém o fazem e com muito sucesso. De maneira, que postarei logo abaixo alguns desses engenhos para que possamos nos inteirar com mais precisão de suas existências.

"Engenho Boa Vista"
"Engenho Carro"


"Engenho Cachoeira"


"Engenho Mazagão"

"Engenho Quati"



"Engenho Jardim"

"Engenho Angicos"

7 comentários:

Pedro Aurelio lemos disse...

Bete,

Em olhando estas fotos, voltei no tempo de menino que fui no engenho Cachoeira. O engenho Cachoeira foi de minha familia até 1975. Sou filho de Pedro de Lemos.
O engenho Carro é do meu primo Djalma Lemos. O engenho Lagoa Verde é de Vicente Lemos ( primo). O engenho Palmeiras ( Guarapira) é Humberto Lemos outro primo.
Conheci Elidio e era muito amigo do meu pai.
Abs, Pedro Aurelio de Farias Lemos.
sou engenheiro e moro em Salvador.

Clenilda ramos disse...

Sou filha de Elidio Pereira,proprietário do Engenho Boa Vista.Lembro demais do R Pedro Lemos e da amizade com meu pai.Ainda continuo com Boa Vista . A única diferença é que hoje se encontra em Fogo Morto , mas continua com toda estrutura de antigamente e mais ainda, com uma Capelinha cuja Santa Padroeira é Nossa Senhora de Fátima.


Anônimo disse...

Olá, Sou descendente de italianos que serviram como escravos brancos nos engenhos, de fato no engenho Mazagão, onde há relatos históricos sobre as crueldades feitas pelos Senhores de engenho. É só pesquisar que encontrarão.

Unknown disse...

Vc nasceu no engenho Mazagão em Areia PB.?

Heryko Queiroz Alves disse...

Boa Noite Clemulda Ramos.
Temos notícias de que esse engenho pertenceu a Luiz Vicente de Mello Medeiros. Vc sabe algo a respeito dele? Na escritura consta esse nome? Estudados a genealogia e buscamos notícias dele. Se tiver me add no zap 83 9 88060182

Anônimo disse...

Não tenho nenhuma informação a este respeito .Sei que este engenho pertencia a um parente do meu pai e que foi vendido na década de 1930 ao meu avó materno ,José Targino Ramos

Anônimo disse...

Olá
Tem algum engenho de rapadura na atividade? Na última vez que fui em Areia, só encontrei engenho de cachaça.