domingo, 28 de fevereiro de 2010

UM NOME QUE FICOU À BEIRA DO CAMINHO

Os textos postados logo abaixo, fizeram meus sentimentos de cidadã areiense/cristã, mais uma vez se inquietar pela indiferença dos nossos amigos e conterrâneos “pelos nossos semelhantes”.

Além de amigo do meu saudoso pai, o Cel. Cunha Lima, tinha dois sobrinhos, Bertha e Roberto Cunha Lima(cuja fotografia está postada à esquerda), que eram padrinhos do meu falecido irmão Epitácio Alves, razão pela qual, um grande vínculo de amizade, carinho e respeito unia nossas famílias. E foi assim que eu tive o privilégio de conviver de perto com Roberto Cunha Lima e sua esposa, quando da minha prestação de serviço como secretária na Representação Local do FUNRURAL em Areia, chefiada naquela ocasião por D. Marlene, esposa de Roberto Cunha Lima

Apesar de não exercer nenhum cargo eletivo na época, por dois anos(1971-1973), eu pude perceber a grandeza do coração desse homem, que com um sorriso maroto nos lábios, nunca se negou a prestar seus serviços advocatícios aos menos favorecidos, em meio as críticas dos seus adversários.

Saí de Areia em 1974 e relembro com saudades que Roberto e Marlene, foram meus padrinhos de casamento. Hoje, Roberto Cunha Lima já não está aqui. Mas, eu tenho certeza que com o mesmo sorriso maroto nos lábios, enquanto viveu, ele continuou colocando seus serviços de advogado, à disposição do povo sofrido de Areia e adjacências.


Advogado militante, Roberto Cunha Lima não foi um líder político ou um general de brigada. Ele foi apenas mais um que passou e que vai ficar no esquecimento das mentes entorpecidas do povo da minha terra, que talvez não tenha entendido ainda que as pessoas não precisam ser grandes para serem lembradas...

Eu conheço um homem que nasceu num vilarejo, filho de uma camponesa. Cresceu em outro vilarejo. Trabalhou numa carpintaria até aos trinta anos e depois foi pregador itinerante durante três anos.


Nunca escreveu um livro. Nunca teve um cargo. Nunca possuiu uma casa, nunca constituiu família. Nunca freqüentou uma universidade. Nunca pisou numa cidade grande, nunca viajou mais de 400 Km do lugar onde nasceu. Nunca fez nenhuma das coisas que a sociedade contemporânea consideraria um sinal de grandeza.


Ele não tinha credenciais, apenas a Sua própria pessoa. Não tinha nada que fosse deste mundo. Enquanto jovem, a opinião popular se virou contra Ele. Seus amigos O abandonaram. Um O negou, outro O traiu. Ele foi entregue nas mãos de Seus inimigos. Passou pelo ultraje de um julgamento. Foi pregado numa cruz entre dois ladrões. E quando estava morrendo, os Seus executores tiraram sorte sobre o único bem material que Ele possuía: Sua túnica. Depois de morto, O tiraram da cruz e O colocaram na sepultura de um amigo que teve pena dEle.


Dezenove longos séculos se passaram, e hoje Ele é a figura mais importante da raça humana. A maior fonte de orientação e inspiração divina. Seu nome é JESUS, O EMANUEL, O DEUS CONOSCO.


Portanto, "O que você deixa para trás não é o que é gravado em monumentos de pedra, mas o que é tecido nas vidas de outros." (Péricles)

COISAS DE AREIA

Foi no blog “Inspirações Telúricas” do Major Edmundo Alves, um apologista ferrenho das coisas da nossa terrinha que encontrei o seguinte:

UMA HISTORIA DO CORONEL CUNHA LIMA, DESCRITA PELO DESEMBARGADOR AURELIO DE ALBUQUERQUE!
EU ERA PROFESSOR EM ITABAIANA-PB. SOUBE QUE A PROMOTORIA DE SANTA RITA-PB IA VAGAR. O SEU TITULAR, IRIA RESIDIR NO RIO DE JANEIRO. FUI AO GOVERNADOR E FIZ O PEDIDO. ELE ME FOI FRANCO. QUEM MANDAVA POLITICAMENTE EM SANTA RITA, ERA O DR. FLAVIO RIBEIRO COUTINHO, CONSEQUENTEMENTE IRIA PARA ALI QUEM ESTE QUISESSE... COMO SABE -- DISSE ELE, ESTAMOS NUM REGIME POLITICO. DEIXEI O PALACIO MEIO DESILUDIDO. NENHUMA APROXIMAÇÃO EU TINHA COM O CHEFE DE SANTA RITA. CONVERSEI COM UM AMIGO MAIS EXPERIENTE, QUE ME DISSE: FLAVIO RIBEIRO FOI PERREPISTA E ESTES CONSTITUEM, AINDA HOJE, A CLASSE MAIS UNIDA DO BRASIL. PROCURE UM PERREPISTA QUE SE DÊ COM O DR. FLAVIO RIBEIRO E VOCE IRÁ PARA SANTA RITA. DITO E FEITO. LEMBREI-ME DO CORONEL CUNHA LIMA, COM QUEM MANTINHA CORDIAL AMIZADE. ELE IMEDIATAMENTE FALOU COM O DR. FLAVIO RIBEIRO QUE LHE DFISSE: SOU AMIGO DE CUNHA LIMA HÁ MUITO TEMPO, SOFREMOS JUNTOS, EM 1930, COMO PERREPISTAS, UM PEDIDO SEU PARA MIM VALE TUDO, O SEU CANDIDATO PODE SE DIZER JÁ NA COMARCA DE SANTA RITA. E DEPOIS O DOUTOR FLAVIO RIBEIRO, BEM HUMORADO ME DISSE: QUEM LHE REMOVEU NÃO FUI EU, MAS O BARBADO DE AREIA... COM UMA FIDELIDADE INTEGRAL A SEU PARTIDO, JOSÉ DA CUNHA LIMA FILHO, PODE TER POSSUIDO DEFEITOS HUMANOS COMO TODOS, MAS, MESMO EM POLITICA, SEMPRE SOUBE HONRAR A PALAVRA EMPENHADA.

Pesquisa feita pelo conterrâneo amigo, ASSIS NEGUIM.

É isso aí gente! O coronel ou “major” Cunha Lima, como era conhecido, é uma dessas figuras ilustres que nunca deveria ser riscada da história de nossa terra. Entretanto, não fosse fatos como o exposto acima, sua memória já teria sido apagada por todos aqueles que direta ou indiretamente foram beneficiados por sua influencia social e política conforme o texto do nosso amigo e conterâneo “Assis Neguim”.

Esse texto porém, me impulsionou a deixar registrado neste cantinho (VER A POSTAGEM ABAIXO), uma homenagem ao grande homem público e amigo do meu querido e inesquecível pai José Antonio Alves, eleitor fiel e assíduo do Coronel Cunha Lima
.

MAJOR CUNHA LIMA, O "BARBADO" DE AREIA

José Antonio Maria da Cunha Lima Filho, era filho de José Antonio Maria da Cunha Lima e foi deputado federal durante a República. Teve uma participação decisiva na política paraibana, sendo inclusive, o fundador da UDN no Estado.

Solteiro, criou quatro sobrinhos: Bertezen Barros da cunha Lima, Roberto Barros da Cunha Lima, Bertha Áurea Cunha Lima e Auribertha Cunha Lima.

Como político, enquanto viveu, mantinha o controle da cidade de Areia, elegendo deputados durante vários anos e fazendo prefeitos.

Fato interessante, é que em 1964, os camponeses do Engenho Mundo Novo, de sua propiedade, recusaram-se a participar das ligas camponesas.
Sempre foi partidário de Argemiro de Figueiredo, a quem acompanhou quando este passou-se para o PTB, mas, deixou o velho político de lado na oportunidade em que candidataram-se ao governo do Estado, os Srs. João Agripino e Ruy Carneiro. Na ocasião, Argemiro apoiava Ruy e a adesão de Cunha Lima ao Sr. João Agripino lhe deu uma esmagadora vitória sobre o candidato adversário Ruy Carneiro.

Este fato ficou registrado e muito bem registrado na minha memória, porque de perto eu acompanhei a luta de meu pai em aderir também. Mas, a fidelidade ao homem do Mundo Novo falou mais forte e ele o acompanhou com todo brio de amigo e correligionário.

O Cel. ou Major Cunha Lima, foi, segundo alguns companheiros de sua época, um dos bons oradores produzidos pelo interior da Paraiba.

Vítima de enfarte, noticiou o jornal "O NORTE", de 13 setembro de 1979 (arquivo do meu marido Geraldo Casado), faleceu na madrugada de ontem o Cel. José Antonio Maria da Cunha Lima Filho, aos 93 anos, tendo sido sepultado ontem à tarde em Areia. Sua morte representa uma época em que funcionava a força do quero, mando e posso. Cinco mil pessoas aproximadamente acompanharam o féretro desde o Engenho Mundo Novo, onde residia até Areia. Ontem no Tribunal de Justiça do Estado, foi aprovado voto de pesar pela morte do Cel. Cunha Lima cuja proposição dos desembargadores Simeão Cananéia e Aurélio de Albuquerque teceram elogios ao extinto. A moção teve apoio do procurador Geral da Justiça, Vanildo Cabral de Vasconcelos, bem como do representante da OAB - seção da Paraiba, procurador Celso Otávio Novais. (Este foi o texto na íntegra publicado pelo Jornal O Norte daquela época).

Na ocasião, da publicação supra citada, disse o procurador Celso Novais, a respeito do Cel. Cunha Lima: "foi uma figura cujo comportamento e autenticidade projetaram-no no calendário sócio-político do nordeste pelo seu indiscutível e comprovado mérito de chefia". Para Waldir Bezerra, "o Cel. Cunha Lima, apesar de militar políticamente em outro partido sempre se comportou com inteira correção".

É lamentável deixar registrado, que assim como Seu Cunha Lima, já não estão mais aqui, seus sobrinhos queridos Roberto Barros da Cunha Lima e Bertha Áurea Cunha Lima.

Aqui fica o meu adeus ao Cel. Cunha Lima e a seus sobrinhos Bertha e Roberto Cunha Lima.


Que eles descansem em Paz!












terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MINHAS LÁGRIMAS, MEU ALIMENTO

No salmo 42, nós vamos encontrar uma lamentação, e por que não dizer uma prece que brota do coração de alguém que viveu momentos de profunda angústia e ao mesmo tempo de desamparo. Vejamos na íntegra o que este sofredor diz: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento”. Não sabemos se o autor destas palavras era uma pessoa enlutada. Mas bem que poderia ser, pois as lágrimas, o sentimento de abandono, o desamparo e a solidão aqui expressos são sintomas que freqüentemente acompanham a perda de uma pessoa próxima e muito cara.

Eu, particularmente, perdi alguém, ou melhor, eu já perdi muitos a quem eu amava e posso compreender muito bem isso, e, precisamente em 06/02/2010, próximo passado, mais uma vez eu me senti assim... Durante a maior parte do dia, as minhas lágrimas foram sim, o meu alimento. Eu perdi minha tia querida... Tia Luzia ou Tia Ló, como a chamávamos, partiu para uma viagem sem volta.

Interessante, é que a única certeza que temos na vida é que todos morreremos um dia... Mas, a grande maioria das pessoas, não está pronta para ver arrancado de sua vida alguém que ama.
Eu sou uma delas! Quando isso acontece, somos acometidos de uma saudade diferente. É uma saudade amarrada pela certeza de que nunca vai passar. A gente apenas se acostuma a conviver com a ausência, mas não esquecemos, não deixamos de sentir falta… As memórias permanecem, o peito aperta em cada lembrança, e só o tempo mesmo, para acalmar o coração…
Assim, a morte, tem sido motivo de muito pranto, dor e sofrimento. Isto, no entanto, não é um privilégio só nosso, Jesus, o Deus que se fez homem e habitou entre nós, deu a devida importância para o luto e o pranto com expressões de dor e de sofrimento. “Bem aventurados os que choram, porque serão consolados”, disse Ele no Sermão do Monte (Mt 5.4). Sem dúvida, o significado destas palavras do Senhor é muito profunda, no entanto, inclui a idéia de que, para haver consolo, é importante que o sofrimento e as lágrimas sejam externados. Aliás, segundo o Evangelho, o próprio Jesus, ao saber da morte de seu amigo Lázaro, “agitou-se no espírito, comoveu-se... E chorou”. O que eu aprendo com tudo isso? Eu aprendo que Jesus não somente era misericordioso com o sofrimento alheio, Ele também era solidário com a dor do próximo. E é exatamente pelo motivo “solidariedade” que resolvi postar o presente texto.

Quem já visitou este cantinho, ou mesmo quem me conhece sabe do carinho e do respeito que tenho pelos meus irmãos/conterrâneos areienses. Confesso, no entanto, que fiquei decepcionada sábado próximo passado (06/02/2010).

Areiense da gema, e ainda em vida, minha inesquecível tia Luzia, manifestou o desejo de fazer do berço do seu nascimento, também o seu jazigo perpétuo. Assim é que, no intuito de atender o seu desejo, na data supra citada, saímos em cortejo fúnebre de Campina Grande, onde ela residia, para ali na sua terra natal, na cidade onde ela viveu a maior parte de sua vida, na cidade que alimentou todos os seus sonhos de menina/mulher, despojar os seus restos mortais. E qual não foi o nosso desapontamento quando verificamos que poucos foram os que se fizeram presente ao seu velório apesar de todas as rádios da cidade terem anunciado e convidado amigos e conterrâneos para este último ato de fé e solidariedade cristã.

Na nossa cultura ocidental há uma tendência para se negar a realidade da morte. Cresce o número de pessoas que fogem do confronto com a sua própria transitoriedade e com o seu próprio fim. E, na medida em que isso acontece, cresce o apego das pessoa a esta vida.

Algumas décadas atrás, pelo menos em nossa sociedade ocidental, se escondia o fator nascimento enquanto se observava um relacionamento mais natural com a morte. Hoje está ocorrendo o inverso: fala-se com mais realismo sobre o nascimento e, de maneira crescente, o tema da morte é evitado ou reprimido.

Ainda me recordo dos tempos de infância. Ninguém falava abertamente comigo sobre a forma como as crianças são concebidas e como elas nascem. Um véu de mistério, alimentado pela história da cegonha, encobria essa realidade. Em compensação quando alguém estava doente e vinha a falecer, as crianças acompanhavam de perto todas as etapas desse processo: enquanto o doente, era visitado livremente em seu quarto e, depois de falecido, participavam do velório que tinha lugar em casa, eram animadas a tocar no falecido, acompanhavam o cortejo fúnebre e os atos de encomendação e sepultamento.
Hoje se fala com maior franqueza com as crianças sobre a concepção, a gravidez e o parto. Salvo exceções, encara-se as questões que dizem respeito à natalidade com relativa naturalidade. Por outro lado, a realidade da morte está, de forma crescente, sendo exorcizada da vivência cotidiana tanto de crianças como de adultos. Na Bíblia, porém, há um testemunho inequívoco de que esta vida é apenas um estágio rumo a uma vida futura junto a Deus. O autor da Carta aos Hebreus afirma “... não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir” (Hb 13,14). O Apóstolo Paulo, por sua vez, dizia com toda convicção e fé: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1,21).

A Bíblia ainda relata que no caminho ao calvário (Lc 23.27) e aos pés da Cruz Maria, mãe de Jesus e algumas mulheres solidarizavam-se com a dor e a morte do mestre querido (João 19.25), razão pela qual a lamentação e o pranto em casos de luto estão amplamente testemunhados nas Sagradas Escrituras como uma manifestação natural e sadia do ser humano, tanto para externar um sentimento da própria alma em relação à uma perda pessoal, quanto uma forma de solidariedade com a dor alheia.

Na verdade, a nossa sociedade apressada não quer saber disso. Não temos mais tempo para chorar. Ou então choramos a caminho de algum lugar, ou enquanto executamos alguma atividade. E foi com o coração dilacerado pela decepção que concluí que os nossos conterrâneos tem se preocupado mais em ostentar o glamour de sua cultura em detrimento a dor e ao sofrimento dos seus compatriotas.
Que pena!

Um dia, porém, todos vamos morrer… e esta situação me fez pensar no quanto é importante se preocupar com o que andamos fazendo na vida… Eu por exemplo, queria poder ter mais tempo pra chorar, mas ela, minha tia, tenho certeza de que só ficaria feliz se me visse rindo… Ela sempre ficava feliz quando estávamos todos bem. Por isso, em meio às lágrimas, e apesar de tudo, o riso já estampa meu rosto, em homenagem a ela, que passava a vida a sorrir… Um dia estaremos cada um de nós, deixando esse mundo. Você também que deixou de lhe prestar sua última homenagem. Por isso, enquanto eu estiver aqui, quero aproveitar cada momento que eu posso ter ao lado das pessoas que amo. Jamais esconderei meus sentimentos, mesmo correndo o risco de ser chamada de antiquada, quadrada, sentimental ou seja lá o que... Quero aproveitar cada segundo ao lado de todos aqueles que amo e que precisarem de uma palavra amiga ou de um gesto solidário de carinho, compreensão e amor… Chorarei pela perda de cada um que amo, mas também farei brilhar no rosto um sorriso, por ter podido compartilhar tudo o que foi possível enquanto estavam ao meu lado.

Elisabete Casado